
Expectativas baixas evitam nova queda nas ações
Apesar dos números decepcionantes de vendas nos últimos dias, as ações da Tesla não despencaram como esperado. O motivo? O mercado já vinha se preparando para resultados ainda piores. Após meses de queda na demanda, muitos investidores temiam um cenário mais negativo. A queda de 13% nas entregas no segundo trimestre foi, surpreendentemente, considerada aceitável, após a ação ter caído de 488 para menos de 300 dólares em certos momentos. Como explica Ferdinand Dudenhöffer, economista da Universidade de Bochum, “os investidores esperavam números piores, então o mercado reagiu com leve otimismo”.
Problemas com o lançamento do Robo-Taxi em Austin
A Tesla enfrenta sérias dificuldades em três frentes. Uma delas é o lançamento conturbado do aguardado Robo-Taxi, que finalmente começou a operar em fase de testes na cidade de Austin, nos Estados Unidos, no final de junho. No entanto, os incidentes se multiplicaram: um carro entrou na contramão sem motivo, outro freou bruscamente sem necessidade e houve casos em que os veículos pararam no meio de cruzamentos para embarque e desembarque de passageiros.
Esses episódios abalaram a confiança dos investidores, que tinham grandes expectativas de que os táxis autônomos se tornassem uma fonte bilionária de receita para a empresa. Além disso, concorrentes como as montadoras chinesas e a Waymo (subsidiária da Alphabet, dona do Google) estão tecnologicamente mais avançados. Enquanto a Tesla aposta apenas em câmeras para navegação, a Waymo combina câmeras com o sistema Lidar, o que pode representar uma vantagem competitiva. Segundo o jornal “Handelsblatt”, investidores já questionam abertamente a estratégia da Tesla para o setor de veículos autônomos.
Imagem da marca abalada globalmente
Outro ponto crítico para a Tesla é a perda de força nas vendas nas regiões mais estratégicas: América do Norte, China e Europa. O envolvimento político do CEO Elon Musk tem sido especialmente prejudicial para a imagem da empresa. Sua doação de mais de 200 milhões de dólares para a campanha de Donald Trump e o apoio a partidos de extrema-direita, como a AfD na Alemanha, geraram forte rejeição entre consumidores e investidores.
Cybertruck sofre queda acentuada nas vendas
Entre os maiores desafios atuais da Tesla está o fraco desempenho do Cybertruck. O veículo, que já enfrentou diversas críticas desde seu lançamento, teve apenas cerca de 5 mil unidades vendidas no segundo trimestre de 2025, segundo análise do site especializado Electrek.
A produção total da empresa para a categoria “Outros Modelos” — que inclui o Model S, Model X, Tesla Semi e o próprio Cybertruck — foi de 13.409 unidades, com 10.394 entregues no mesmo período. Essa categorização agrupada dificulta a transparência nos números específicos de cada modelo.
A queda nas vendas do Cybertruck é ainda mais alarmante quando se compara com os números de 2024, período em que a Tesla se beneficiava de uma grande demanda reprimida. Mesmo com incentivos fiscais nos EUA, como o crédito de US$ 7.500, a taxa atual de entrega anualizada gira em torno de apenas 20 mil unidades — bem abaixo da meta de 250 mil por ano.
Estoques em alta e produção reduzida
Analistas estimam que cerca de 3 mil unidades do Cybertruck estejam atualmente em estoque, o que levou a ajustes na produção na fábrica da Tesla no Texas. A utilização da capacidade da planta estaria abaixo de 10%.
Enquanto isso, os concorrentes mostram desempenho mais sólido. A Ford entregou 5.842 unidades do F-150 Lightning no mesmo período, mesmo com uma queda de 26% em relação ao ano anterior. A GM, por sua vez, comercializou 3.056 unidades do Silverado EV e 1.524 do GMC Sierra EV, além de 4.508 Hummer EVs (entre SUVs e picapes).